Você sabe qual é o país do mundo que mais paga Imposto de Renda? Acha que é o Brasil? Errou! Estamos diante de um paradigma enraizado, porém, totalmente errado! Os países que mais pagam IR são aqueles com alto nível de desenvolvimento. Nos países que ocupam as melhores posições no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do mundo paga-se quase 50% de Imposto de Renda. Alguns chegam a superar essa percentual.
Durante toda a minha vida eu fui empreendedora autônoma e quando me deparei com a necessidade de declarar Imposto de Renda, pedi orientação para o meu pai. Contador por formação, ele estava acostumado a fazer os cálculos necessários das deduções. Fazíamos a minha declaração juntos e quase sempre eu tinha que pagar. Diante da minha indignação, considerando-me “a injustiçada”, o meu pai alertava: “Você devia agradecer porque só paga Imposto de Renda quem ganha, quem não ganha não paga”. Você prefere contribuir ou ser isento?
A filosofia de meu pai passou a fazer parte da minha vida e, por isso, ao contrário da grande maioria, o meu paradigma é que “pagar imposto de renda é que é bom, o ruim é ser isento”. Você já pensou no que realmente significa ser contribuinte ou ser isento? Estar isento do Imposto de Renda está diretamente ligado a ter rendimentos insuficientes que não dão para contribuir com parte dele com a sociedade! Ao fazer essa reflexão, concluo que pagar Imposto de Renda é uma coisa boa!
Recentemente eu dei uma palestra sobre felicidade para os auditores fiscais da Receita Federal e você sabe qual é a grande “infelicidade” deles? Ao exercerem sua atividade profissional, eles são muito mal recebidos. A maioria dos empresários detesta a presença de um auditor e o recebe sem nenhuma cordialidade. Imagine todos os dias você visitar pessoas que não conhece e, ao orientar e cobrar um posicionamento correto, ela passa a justificar, argumentar, agredir e responsabilizá-lo pelo percentual que deve ser declarado ao governo com frases do tipo: “Pago e não recebo nada em troca. Para onde vai o meu dinheiro? Que retorno eu tenho com esses impostos? Por que eu devo pagar tudo isso? E essas fraudes, corrupções e blá, blá, blá…”.
E é exatamente aí que eu queria chegar! Poderosos e poderosas, abram os olhos! Não dá mais para pensar em “dente por dente, olho por olho”! Outro dia ouvi um economista afirmar que quanto maior a impunidade maior o Índice de Criminalidade de um país. Será isso mesmo? Um erro não deveria justificar o outro – ao contrário do que está gravado no consciente coletivo, acertar é humano e devemos mudar a nossa mentalidade. Já pensou se todos os brasileiros declararem sua renda e contribuíssem com orgulho, satisfação e felicidade? Já pensou as pessoas se conscientizarem que só paga quem ganha e ganhos geram riquezas e riquezas geram bem-estar, possibilidade de desenvolvimento e tantos outros benefícios sociais?
Você sabia que tem países que são tão pobres que as pessoas não contribuem com o IR e tem países que são tão ricos que as pessoas ganham renda do governo? No Catar, no Oriente Médio, os árabes ganham do estado um valor de quase dois mil euros por pessoa, mas o índice de trabalho quase escravo de povos de diversas partes do mundo é bem alto por lá – eles têm um salário, mas a liberdade restrita. Isso compensa?
Para conquistarmos a posição de 4ª potência mundial e uma boa colocação no IDH (sonho a 4ª colocação no IDH) é preciso mudar paradigmas – nada muda se eu não mudar – e adotar uma nova postura de consciência social. Nas minhas palestras eu sempre digo que rico é aquele que valoriza o que tem e aproveita as oportunidades e pobre é quem vive reclamando do que não tem. Mas vou acrescentar outra informação relevante: “ser rico é ter gosto em contribuir e ser pobre é se isentar diante da necessidade comum”. De que serve ser rico de dinheiro e ser pobre de espírito? Refletir sobre tudo reforça ainda mais em mim o ensinamento do meu pai! Eu sou feliz porque pago IR e você?
Por Leila Navarro, palestrante.
“Leila Navarro é autora de vários livros e uma das palestrantes mais requisitadas do Brasil, ministrando palestras em todo o Brasil e na Europa.”