Por Leila Navarro
Antes de haver algoritmos, havia rituais. Eram eles que davam sentido ao tempo, ao gesto e à conexão humana. Hoje, vivemos a era da aceleração: criamos processos e protocolos para ganhar tempo, mas quanto mais aceleramos, mais nos desconectamos.
O ritual nos fez humanos
Em Tóquio, ao ver um senhor em silêncio acender incenso num templo, compreendi com o corpo o que Byung-Chul Han expressa: sem rituais, o tempo se dissolve em um fluxo contínuo de presente. O ritual organiza a vida, transforma o comum em sagrado e nos diferencia da máquina.
Mas as empresas trocaram rituais por protocolos
O que antes era simbólico virou procedimento. Tudo é padronizado:
- Onboarding.
- Feedback.
- Até a criatividade.
Cumprimos etapas, mas sem presença, os protocolos viraram armaduras que distanciam em vez de aproximar.
O ritual vazio é pior que a ausência do ritual
Feedback engessado, reuniões sem escuta, meditação com celular vibrando: são práticas que simulam cuidado, mas sem alma. Ritual sem presença é maquiagem no vazio.
A pergunta que desmonta
Criamos protocolos para humanizar ou para desumanizar? Muitos já não oferecem confiança, mas apenas padronização e blindagem emocional.
A nova liderança
A liderança sensorial não elimina o protocolo, mas o preenche de alma e presença. Ela transforma reuniões em conexão, inícios em intenção, finais em gratidão. Não é sobre acelerar mais, e sim ancorar melhor. O que falta hoje não é técnica de gestão, é coragem de sentir.
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Sobre a autora
Leila Navarro é especialista em Saúde Integral, Liderança Sensorial e Cultura Regenerativa. Criadora dos conceitos de Ergonomia Sensorial, Inteligência Sensorial e Liderança Presente. Atua em empresas e eventos no Brasil e no exterior, unindo ciência, neurociência e experiência prática para provocar a reconexão entre corpo, emoção, propósito e tecnologia.
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