Por Leila Navarro
Uma coisa que nos fortalece muito na vida é a espiritualidade. Independentemente da religião de cada um, acho que um fator comum a todas as pessoas que cultivam a espiritualidade é a crença de que somos seres espirituais que vivem experiências na matéria. Crer nisso é fundamental, pois nos ajuda a compreender o porquê de certas coisas que nos acontecem, a tirar o devido aprendizado delas e a permitir que a vida transcorra como deve transcorrer.
A experiência de cada um neste mundo é muito individual, assim como a forma de vivenciar a espiritualidade. Não posso ensinar ninguém a vivenciar a sua, o que posso fazer é contar como vivencio a minha. Não sou ligada a nenhuma religião em particular, o que acho até bom, pois muitas pessoas religiosas que vêm falar comigo identificam aspectos que tenho em comum com elas. Minha “doutrina”, na verdade, é muito simples. Ela pode ser resumida numa frase que sempre digo: “Viver vale a pena. Só não vale viver sem vibrar nem deixar de ter fé”.
A fé é nossa maior riqueza. Tenho fé em mim, tenho fé na possibilidade de mudar o mundo, tenho fé em meu valor e no fato de que mereço ser feliz. Uma amiga me disse, certa vez, que admira quem tem fé. “Por não ter fé”, afirmou, “preciso tomar antidepressivos para agüentar a vida.” Pode haver coisa mais triste do que ter de tomar remédios, ter de se drogar, para continuar vivendo? Isso para mim é inacreditável porque sinto que a vida é uma grande graça, uma bênção. Tenho muito prazer em viver e desejo extrair o máximo possível dessa experiência. É claro que também sinto dores e tristezas de vez em quando, mas isso é momentâneo. A fé torna esses momentos passageiros, e não uma constante em minha vida.
Tenho dois momentos de oração em meu dia. Um é à noite, ao deitar-me. Agradeço muito a Deus por tudo aquilo que vivi, pelas oportunidades que tive, e vou dormir satisfeita. Gloriosa. Penso que, quando dormimos nesse estado de gratidão, nosso padrão mental muda e o sono é até melhor.
Minha outra prece é pela manhã. Quando constato que estou viva, acordando para mais um dia, tenho certeza de que Deus gosta de minha experiência aqui embaixo e pede bis. Você não acha maravilhoso a gente ser bisada? É logo cedo, também, que eu trato de ter atitudes para tornar meu dia positivo. As atitudes que temos nos primeiros dez minutos do dia determinam a qualidade de 80% desse dia. Se logo ao acordar pensarmos algo como “que droga ter de enfrentar todos esses problemas”, nosso dia com certeza será uma droga, pois a mente cria as experiências que vivemos. Por outro lado, se dissermos algo positivo como “hoje eu serei feliz”, leremos na mente uma mensagem inspiradora, enfim, faremos nosso ritual para começar a manhã com o pé direito e nos permitiremos ter um ótimo dia. Segundo a neurociência, tudo o que dizemos a nós mesmos pelo menos 42 vezes fica programado no subconsciente. Nosso cérebro passa a acreditar no que repetimos e começamos a ter atitudes compatíveis com essa idéia, criando uma nova realidade para nós. Então eu me levanto a mil por hora, sinto-me poderosa e estou pronta para tudo. É esse o sentido de “vale tudo, vale o que vier”, pois se a vida não tem ensaio, é uma contínua estréia, como sempre digo, isso ocorre porque temos de estar abertos para o que der e vier. Ninguém pode dizer que conhece o roteiro da vida nem que a controla. Nós não controlamos nada!
Sei que você pode considerar isso um pouco contraditório. Primeiro eu digo que é essencial ter muita fé em si mesmo e fazer um ritual positivo no início do dia. Depois digo para sair à rua de peito aberto, pronto para o que der e vier, pois não é possível controlar nada. Então você pergunta: “Mas, espere aí, se eu não controlo nada, se um piano pode cair em minha cabeça na primeira esquina, para que tudo isso de ter fé, de pensar positivamente?”
Compreendo que meu raciocínio pode parecer meio paradoxal, mas a vida é assim mesmo, cheia de paradoxos. Isso significa que podemos ser felizes encarando tudo o que acontecer. Quando as coisas vão bem e temos sucesso, que ótimo, vamos gozar o sucesso. Mas, se alguma coisa não sai como esperávamos, talvez seja porque temos de aprender uma lição. É nesse momento que devemos nos recolher em nosso interior e questionar: “Não estou entendendo. Tudo parecia apontar esse caminho, mas ele não me levou aonde eu imaginava. O que tenho de aprender com isso?”
Conclusão: se você vivencia sua espiritualidade, só pode esperar o melhor da vida, pois ou usufrui o sucesso ou aprende alguma coisa. É simples.
Cresci ouvindo minha mãe dizer que para pessoas especiais só acontecem coisas especiais. Quando se acredita em algo assim, podem ocorrer fatos muito graves, pode chover canivete aberto, mas você sabe que vai conseguir sair da encrenca. Minha família teve grandes problemas e enfrentou barras que talvez tivessem o poder de destruir qualquer outra família, mas sempre se manteve unida e conseguiu sair da crise. E isso só foi possível porque todos tiveram fé.
Acho que por isso aprendi a não ter medo da vida, e sim me entregar a ela. Quando estou vivendo um momento de sucesso, eu o usufruo plenamente, sabendo que é um momento da carne, da matéria. Agradeço sinceramente e reconheço que só obtenho sucesso porque estou neste mundo a serviço, ou seja, cumprindo meu propósito. Mas, quando vivo uma dor, eu me recolho e pergunto: “O que o Senhor quer me dizer?” Não xingo, não reclamo, não me revolto. Apenas permito que Ele me pegue no colo e me mostre qual é o aprendizado. Eu tenho a convicção de que, se algo inesperado acontece comigo, é porque preciso “entrar em outra”. Mas não fico parada, esperando entender tudo, para depois continuar meu caminho. Muitos anos podem passar até que essa compreensão surja. Quando um casal se separa, por exemplo, e cada um vai viver sua vida, só depois de muita estrada percorrida homem e mulher poderão olhar para trás e constatar as mudanças que sofreram ou o aprendizado que tiveram.
Considero a capacidade de entrega um aspecto muito importante da espiritualidade. A entrega se baseia na crença inabalável de que, aconteça o que acontecer, Deus estará conosco. A meditação nos ajuda muito a alcançar essa entrega. Quando meditamos, mantendo nossa mente em silêncio, ocupados apenas em respirar e estar vivos, temos a percepção de que nossa alma é muito maior do que o corpo, muito maior do que qualquer coisa que nos aconteça na Terra.
Trecho extraído do livro “Qual o seu lugar no mundo?” de Leila Navarro.
Outros conteúdos motivacionais, acesse http://bit.ly/lojaleilanavarro
1 comentário em “É preciso ter fé”
Relato de muito conteúdo , e que buscarei levar pra minha vida 🙌🏻
Gratidão