Por Leila Navarro
Todos os anos, instituições como Oxford, Harvard e grandes centros de pesquisa se dedicam a uma mesma pergunta: qual é a palavra do ano capaz de traduzir o sentimento do mundo?
Não se trata de curiosidade linguística. Trata-se de leitura de cenário. De tentar compreender o estado emocional, social e cognitivo da humanidade em determinado período.
Falar de palavra do ano é, portanto, falar de mundo. Mas também é falar de como líderes escolhem responder a esse mundo. Porque compreender o espírito do tempo é parte essencial da liderança consciente.
O que a palavra do ano revela sobre o estado emocional do mundo
Em 2024, o termo escolhido foi brain rot, expressão usada para descrever a deterioração da atenção, da capacidade de reflexão e da saúde mental provocada pelo excesso de estímulos, pelo consumo superficial de conteúdo e pela hiperexposição digital. Uma mente cheia, mas incapaz de elaborar. Saturada de informação e pobre de sentido.
Em 2025, as palavras eleitas foram rage bait e parasocial. A primeira aponta para conteúdos criados deliberadamente para provocar raiva e indignação, porque a raiva engaja, gera clique e movimento. A segunda descreve relações que parecem próximas, mas não são recíprocas. Conexões em que um lado se envolve emocionalmente enquanto o outro sequer sabe que essa relação existe.
Essas palavras não surgem por acaso. A palavra do ano funciona como um termômetro coletivo. Ela revela o excesso, o ruído, a tensão permanente e a forma como estamos nos relacionando com informação, emoção e presença.

Quando a palavra do ano não provoca reação
Li essas análises com atenção. Reconheço o valor dessas pesquisas e o esforço legítimo de traduzir o espírito do tempo. Ainda assim, algo em mim não reagiu. Não senti raiva. Não senti choque. Não senti identificação.
E foi aí que veio o espanto.
Se essas palavras descrevem o mundo, por que elas não me atravessaram?
Será que eu estava anestesiada?
Essa pergunta abriu uma reflexão profunda sobre maturidade emocional e liderança.
Talvez não seja anestesia. Talvez seja dessensacionalização.
Dessensacionalização não é indiferença
Vivemos uma era profundamente sensacionalista. Tudo precisa ser urgente, extremo, alarmante. Mesmo a informação bem-intencionada muitas vezes chega sem espaço para digestão, elaboração e silêncio.
Líderes mais maduros emocionalmente nem sempre reagem com indignação a esse ambiente. Eles observam. Filtram. Respiraram antes de responder. E seguem.
Isso não é frieza. É preservação de energia psíquica.
No mundo corporativo, esse comportamento costuma ser mal interpretado. O líder que não reage impulsivamente pode parecer distante. Mas, muitas vezes, ele está apenas operando em outra camada de consciência, onde a lucidez vale mais do que a reação imediata.
A solidão de quem enxerga além da palavra do ano
Existe um risco silencioso nesse lugar. O da solidão.
Não a solidão social, mas a solidão de não encontrar ressonância. De circular por muitos ambientes, reuniões e discursos, mas não se nutrir verdadeiramente em quase nenhum deles.
Por isso, tratar bolhas apenas como algo negativo é simplificar demais a realidade. Existe uma diferença profunda entre bolhas de isolamento e ecossistemas de ressonância. Lideranças mais conscientes transitam por vários mundos, mas precisam de espaços onde pensar, sentir e silenciar sejam permitidos. Onde a alma também seja considerada infraestrutura.

Quando a palavra do ano não vem da pesquisa, mas do corpo
Enquanto o mundo falava de raiva fabricada e conexões vazias, uma palavra me atravessou com força. Não veio de um estudo. Veio do corpo.
Humanidade.
Num mundo cada vez mais tecnológico, ser humano deixou de ser óbvio. Virou um ato de resistência. Não como romantização, mas como prática concreta. Sentir antes de reagir. Pensar antes de repetir. Escutar antes de decidir. Criar vínculos reais em ambientes que incentivam conexões descartáveis.
Se humanidade tivesse sido a palavra do ano, imagino o impacto que isso teria sobre 2026.

A palavra do ano do mundo e a palavra do ano da sua vida
Talvez a pergunta mais importante hoje não seja qual foi a palavra do ano escolhida pelas instituições, mas qual foi a palavra do ano da sua vida. Aquela que organizou suas decisões, seu ritmo, suas escolhas e sua forma de liderar.
Liderar no presente não é negar o mundo nem se colocar acima dele. É escolher conscientemente como habitá-lo. Ignorar o mundo é ingenuidade. Reagir a ele o tempo todo é adoecimento.
Num mundo tão tecnológico, permaneçamos humanos. Mas não sozinhos.
Talvez o grande desafio hoje não seja reagir melhor às palavras do ano, mas dessensacionalizar a forma como lideramos. Sair da lógica do excesso, do barulho e da urgência permanente. Recuperar a presença, o corpo e a escuta como fundamentos da decisão.
É disso que trata o Treinamento Liderança Sensorial. Uma liderança que sente antes de agir e cria ambientes mais humanos em tempos cada vez mais automatizados.
Se essa forma de liderar faz sentido para você, talvez seja hora de aprofundar esse caminho. Não para se afastar do mundo, mas para habitá-lo com mais lucidez, humanidade e presença.
#PermaneçaHumanoComigo.
Perguntas Frequentes
A palavra do ano é um termo escolhido por instituições de pesquisa para representar o clima emocional, social e cultural de um período. Ela funciona como um retrato coletivo do tempo em que vivemos.
A palavra do ano é definida por universidades, dicionários e centros de pesquisa que analisam dados de linguagem, comportamento, buscas e tendências globais.
Porque ela ajuda líderes a compreender o estado emocional do mundo, antecipar comportamentos e tomar decisões com mais consciência, presença e leitura de contexto.
Sobre a autora
Leila Navarro é especialista em Saúde Integral, Liderança Sensorial e Cultura Regenerativa. Criadora dos conceitos de Ergonomia Sensorial, Inteligência Sensorial e Liderança Presente. Atua em empresas e eventos no Brasil e no exterior, unindo ciência, neurociência e experiência prática para provocar a reconexão entre corpo, emoção, propósito e tecnologia.
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