Recentemente, vivenciei uma experiência profundamente transformadora no Teatro Cego, onde assisti à peça “O Reino de Lindsor”. Neste espaço, dominado pela escuridão, a intensidade da narrativa ultrapassou todas as minhas formas habituais de percepção. O enredo, repleto de amor, traição e segredos de estado, desdobrou-se em um reino fictício, envolvendo os espectadores tão profundamente que as barreiras visuais pareciam evaporar.
No Teatro Cego, cada som, textura e aroma enchia o ambiente, transformando suspiros, sussurros e passos em mensagens carregadas de significado. Esta forma de arte não só desafia nossas percepções rotineiras, mas celebra a incrível capacidade humana de adaptar e apreciar a vida, destacando todas as suas nuances.
Vivemos em um mundo onde a visão é exacerbada. Tiramos fotos constantemente sem nem saber porquê. A facilidade da câmera do celular nos faz capturar incessantemente momentos, sem realmente “ver” ou vivenciar. Essa reflexão me atingiu profundamente após a peça, onde, no total escuro, me vi “vendo” através de outros sentidos. Foi uma lembrança pungente de que muitas vezes, embora olhemos, raramente observamos verdadeiramente. O que você vê quando não enxerga? Será que conseguimos desligar o piloto automático?
Esta jornada sensorial despertou em mim uma profunda reflexão sobre inclusão e empatia. Experimentar temporariamente a ausência de visão me ofereceu uma janela para a vida diária de pessoas com deficiência visual, despertando uma empatia e compreensão mais profundas das dificuldades que enfrentam, muitas vezes agravadas por barreiras que, inconscientemente, construímos.
Essas percepções me levaram a questionar: estamos, de fato, criando ambientes verdadeiramente inclusivos em nossas empresas? Ou estamos meramente cumprindo cotas? Inclusão é sobre valorizar cada indivíduo e reconhecer como as diferenças podem fortalecer nossas equipes. A inclusão efetiva promove um ambiente onde cada pessoa pode contribuir plenamente. Vamos nos questionar:
– Estou disposto a aprender e adaptar-me para entender melhor as necessidades de todos ao meu redor?
– Como as experiências e percepções de pessoas com deficiência visual podem nos ensinar a ser melhores colegas, líderes e, mais fundamentalmente, seres humanos?
A verdadeira inclusão inicia quando decidimos abrir nossos corações e mentes para todas as experiências humanas. Vamos juntos aprender a ouvir, sentir e apreciar nosso mundo com todos os nossos sentidos, não apenas com os olhos, e descobrir como cada um de nós pode contribuir para um mundo mais inclusivo e empático.
Recomendo também a série da Netflix “Toda luz que não podemos ver” – Uma narrativa que explora desafios e triunfos semelhantes de uma protagonista com deficiência visual, enfatizando que há infinitas maneiras de “ver” e interagir com o mundo.
Aqui está o link do teatro cego caso sinta no coração de prestigiar essa experiência: https://teatrocego.com.br
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Leila Navarro – Palestrante / Conselheira da Felicibilidade e da Futurabilidade / Nexialista & Gestão Biodigital
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