Por Leila Navarro
Perdi a conta das vezes que ouvi pessoas se queixarem de que, na vida, nada acontece conforme o que elas desejam. É o empresário que tem dificuldades para equilibrar seu negócio, é o casal de namorados que não consegue juntar dinheiro suficiente para casar, é o profissional que há anos luta para conseguir a tão desejada promoção no emprego. E agora com o Covid, esse tipo de queixa ficou ainda mais recorrente. Com freqüência, ouço frases do tipo “estou me sentindo estagnado”, “não consigo o que quero”, “os caminhos parecem fechados para mim”, “minha vida não flui” ou então “não vejo uma luz no fim do túnel”. Bem, tudo isso me deu curiosidade suficiente para ir atrás de respostas e entender o fenômeno da “fluidez da vida”, que aqui vamos definir como a sensação de bem-estar.
Quando percebemos que a vida flui ficamos motivados, sentimos estar conquistando nossos objetivos, conseguimos vencer os obstáculos, as crises, as coisas se encaminham bem e notamos claramente o nosso progresso e desenvolvimento. Estamos, enfim, de bem com o mundo, satisfeitos e confiantes. Algumas pessoas chamam esse movimento de sincronicidade, outras, de sorte. Mas, qualquer que seja o nome usado para descrever o fluir, trata-se de uma sensação que já conhecemos -– ou não poderíamos achar que, em algum momento da vida, perdemos isso.
Se levar uma vida que flui fosse como surfar em um mar de ondas perfeitas, saltando de crista em crista até chegar mansamente à praia, a maioria das pessoas diria que mal consegue se manter sobre a prancha, ou que pega ondas que as levam para onde não querem ir, ou, ainda, que estão à deriva em um marasmo total – um mar sem ondas. E por que será assim? E, antes que comecemos com as nossas aulas de surfe, pretendo logo de cara desmontar três conceitos equivocados que se tem sobre o assunto.
O primeiro equívoco é achar que a vida só flui quando se tem progresso material, quando se tem “resultados”. Como a idéia geral de sucesso está ligada à obtenção de poder, prestígio, influência e riqueza, as pessoas acham que as coisas só fluem à medida que percebem estar conquistando, ainda que lentamente, esses resultados. Mas, se isso fosse verdade, não haveria tantas pessoas que poderiam ser chamadas de bem-sucedidas, mas se sentem insatisfeitas e deprimidas.
Seguindo o raciocínio do primeiro equívoco desembocamos no segundo, que é achar que a vida só flui quando se tem muita competência. Pudera: para conquistar o sucesso, precisamos ter muito conhecimento e habilidades, pois o mundo é um lugar competitivo, onde só os melhores e mais criativos chegam lá. Assim, as pessoas tendem a pensar que ou investem em cursos, idiomas e qualificações – buscando, muitas vezes, fórmulas milagrosas que as transformem em vencedoras da noite para o dia –, ou não conseguirão ficar de pé sobre a prancha.
O terceiro equívoco é achar que a fluidez é uma coisa do “destino” de cada um. Depende de onde se nasce, de onde se cresce, da educação que se recebe, de quem se conhece, da felicidade de ser a pessoa certa na hora certa e no lugar certo. Ou seja: a vida flui mesmo para uns poucos que “nascem com uma estrela”.
É nisso que muitos acreditam! Mas eu acredito que, para que a sua vida flua, você não precisa ser rico nem poderoso, não precisa ser o melhor em tudo nem um predestinado ao sucesso. Acredito mesmo é que, para que a sua vida flua, você tem de saber quem é, onde está e para onde vai. Você precisa compreender e aprofundar no propósito que Norteia sua visão e valores. E deve entender que, de um jeito ou de outro, a vida jamais deixa de fluir. Cabe a você deixar-se levar por ela sem resistência e aproveitar ao máximo cada onda. A vida é um mar de oportunidades, um oceano de possibilidades e um universo de incertezas. É um novo momento!
Você já se deu conta de que precisa abrir mão das certezas para sua vida fluir? Dê a si mesmo uma oportunidade de deixar-se levar. Vamos, eu o convido. Pegue sua prancha e vamos encarar essas ondas. Você vai ver que fluir é algo muito mais natural do que imaginava. Esteja presente no Aqui e no Agora!