A chance de sucesso é maior para aqueles que contratam quem não gosta!

Você já refletiu sobre a afirmação do título deste post!
Já imaginou que essa pode ser a grande sacada dos empreendedores bem-sucedidos?
Pois é! Vamos refletir sobre esse conceito juntos?
Recentemente estive em Lisboa para apresentar uma palestra e, antes de eu ser anunciada, o presidente da Cisco Portugal tomou a palavra e falou algumas coisas que não saíram da minha cabeça. Sou uma palestrante que gosta muito de assistir palestras e, para mim, uma forma de medir a diferença entre uma apresentação simples ou poderosa é que a poderosa sempre deixa alguma coisa ecoando dentro de mim, me provocando a refletir sobre algo novo e transformador! E, nesse evento em Lisboa, o presidente me instigou a rever um paradigma quando ele disse: “Se você tiver em uma reunião com quatro pessoas e todas concordam o tempo inteiro entre si, duas estão sobrando. É importante contratar pessoas que não concordam com você! Você tem que contratar pessoas que você não gosta!”

O que é isso? Muitos de vocês podem pensar! Mas, essa informação bateu forte na minha mente! Não faço ideia de como a maioria das pessoas entendeu essa abordagem, mas, como eu sempre digo, “eu falo o que quero e as pessoas escutam o que querem. Eu sou responsável pelo que falo, mas as pessoas são responsáveis pelo que escutam”. Eu não posso afirmar categoricamente o que ele falou, mas eu me permiti ser provocada e comecei a misturar o que eu escutei com as minhas ideias, as minhas observações e a minha forma de ver e repensar meus paradigmas.

Olha como isso faz sentido! Na minha equipe eu tenho um colaborador que discorda de tudo! Quando penso que discutimos todas as possibilidades ele surge com um contra e, às vezes, cria um clima hostil para ele mesmo. Em geral, a minha equipe funciona de uma maneira bastante harmônica. Tenho profissionais de diferentes perfis e observo que predomina entre nós uma posição de continuidade e não de concordância. Imagine que uma invente de fazer feijão. Ideia lançada ação imediata e, em seguida, uma se prontifica para buscar o melhor feijão, a outra vai providenciar a panela de pressão, a outra sugere que sejam acrescentadas costelinhas de porco… Mas, nessa euforia, uma lembra que está vegetariana… Isso não é problema porque logo surge a ideia de fazer couve e arroz integral e a costelinha é cozida à parte. Quando tudo já está decidido e as responsabilidades bem distribuídas, surge o único homem que, até então, parecia alheio a todas as considerações e pergunta: por que não fazemos um bacalhau? Ba-ca-lhau? Pensam todas! O que esse cara está falando? O que você faria em uma circunstância como essa? Confesso que a minha primeira reação seria pensar: bacalhau não combina com feijão!

Mas, se pensarmos bem, numa situação dessas há duas possibilidades:
– Desconsiderar essa observação já que tudo estava tão redondinho, tão bem planejado e alinhado, ou;
– Perguntar o porquê da ideia do bacalhau, quais as vantagens e o que ele está vendo que a maioria não consegue ver?

Olha! Não é nada fácil encarar esse tipo de situação porque muitas vezes mais parece uma provocação. Mas, todo líder de equipe precisa encontrar o ponto positivo, mesmo que isso gere irritação e a vontade seja a de mandar que “o contra” cale a boca. Particularmente ao invés disso eu me calo, respiro fundo e deixo a mente processar! O mais importante em circunstâncias assim é a quebra de estado. Uma pergunta ou ideia aparentemente fora de propósito faz com que todos os membros de uma equipe revejam rapidamente suas relevâncias e desafie sua consistência – esse exercício nos leva a resultados interessantes e inovadores.

Com isso, invariavelmente surge uma pergunta que não quer calar: por que ele não se posicionou antes? E, aí está o “x” da questão! O “contra” da minha equipe é diferente, pensa diferente e precisa de um tempo diferente para analisar e se posicionar. Mas, ele nunca fala por falar e, por isso, damos crédito, paramos para ouvi-lo e aproveitamos para respirar. Hoje, em uma equipe de trabalho é importante levar em consideração que as pessoas são diferentes por questões de geração, educação, cultura, personalidade, experiências, etc. Independentemente dos motivos, quanto mais exercitamos o autoconhecimento mais aprendemos a respeitar, a aceitar as diferenças e a fazermos o mesmo com os outros.

Para concluir minha reflexão é importante ressaltar que uma equipe com ideias heterogêneas é muito mais difícil de coordenar, porém, muito mais produtiva se soubermos legitimar cada membro como um legítimo outro. Se por um lado uma equipe homogênea pode ser rápida, harmoniosa e tranquila, também corre o sério risco de ser pouco inovadora, pouco ousada e pouco produtiva. Neste contexto é muito importante não confundir diferenças pessoais com simpatia ou antipatia. Temos a forte tendência de gostar dos semelhantes e rejeitar os diferentes e, por isso, é importante ficarmos atentos porque escolher um comportamento em detrimento do outro pode gerar perdas, entre elas, a perda da oportunidade de se conhecer e se desenvolver como ser humano. Contratar quem você não gosta pode parecer uma afirmação sem propósito, mas certamente é uma grande oportunidade para alargar a visão e os negócios. É isso mesmo! No livro “Obrigado, equipe” eu pontuo muito bem a importância das diferenças em uma equipe e, se você analisar com cuidado essa questão, chegará à conclusão que pensamentos e atitudes iguais conduzem para os mesmos caminhos, porém, pensamentos e atitudes divergentes abrem os leques das oportunidades. Reflita sobre isso e até o próximo post!